TJAM: Cliente induzido a erro por banco tem direito à devolução em dobro e danos morais

TJAM: Cliente induzido a erro por banco tem direito à devolução em dobro e danos morais

“Examinando o documento carreado aos autos, verifica-se que se trata de contrato em que foi parcialmente preenchido de forma digital e que não há informações claras sobre o valor do contrato, não indica a conta bancária vinculada, não se vislumbra a informação no sentido de que o valor do saque será integralmente cobrado no mês subsequente, além de ausentes informações claras de que a falta de pagamento da integralidade do valor dessas faturas acarretará a incidência de encargos rotativos sobre o saldo devedor”. 

Com essa disposição, o Desembargador Airton Luís Corrêa Gentil, editou decisão seguida pela Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), mantendo a condenação do Banco Bmg pela cobrança indevida de valores relativos a um cartão de crédito consignado.  A decisão rejeitou agravo interno da Instituição Financeira. 

Segundo o Desembargador, o consumidor foi induzido a erro pela instituição financeira, ainda que de forma indireta, porquanto aderiu a um pacto de Reserva de Margem Consignável para cartão de crédito quando acreditava estar contratando um simples empréstimo, cujo pagamento, pretensamente, ocorreria mediante o desconto de parcelas mensais em folha de pagamento.

O caso envolve uma relação de consumo em que o banco foi acusado de não fornecer informações claras ao consumidor sobre a natureza do contrato firmado. O consumidor alegou que desconhecia que se tratava de um contrato de cartão de crédito consignado, o que o levou a ser cobrado indevidamente.

Em sua decisão, o TJAM aplicou as teses fixadas no Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) n.º 0005217-75.2019.8.04.0000 – Tema 5, que trata da repetição de indébito e da boa-fé objetiva nas relações de consumo.

O banco não conseguiu comprovar que o consumidor tinha ciência prévia e inequívoca sobre as cláusulas do contrato, o que violou o dever de boa-fé objetiva, conforme os artigos 6º, III, e 52, do Código de Defesa do Consumidor. Com base nisso, foi determinada a restituição em dobro dos valores cobrados indevidamente, sem necessidade de comprovação de má-fé por parte da instituição bancária.

Além da repetição do indébito, a decisão também reconheceu a ocorrência de dano moral, fixados em R$ 1 mil, dado o prejuízo sofrido pelo consumidor ao contratar o serviço sem ciência clara de sua natureza. O TJAM considerou o valor da indenização por danos morais razoável e proporcional, e manteve a condenação do banco.


Processo n. 0007296-51.2024.8.04.0000  
Classe/Assunto: Agravo Interno Cível / Repetição de indébito
Relator(a): Airton Luís Corrêa Gentil

 

Leia mais

Seguradora tem direito de recuperar prejuízos indenizados ao cliente por oscilações de energia

A seguradora, após pagar a indenização ao segurado por danos causados ​​pela oscilação de energia elétrica, tem o direito de buscar o ressarcimento das...

TJAM: Cliente induzido a erro por banco tem direito à devolução em dobro e danos morais

"Examinando o documento carreado aos autos, verifica-se que se trata de contrato em que foi parcialmente preenchido de forma digital e que não há...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Seguradora tem direito de recuperar prejuízos indenizados ao cliente por oscilações de energia

A seguradora, após pagar a indenização ao segurado por danos causados ​​pela oscilação de energia elétrica, tem o direito...

TJAM: Cliente induzido a erro por banco tem direito à devolução em dobro e danos morais

"Examinando o documento carreado aos autos, verifica-se que se trata de contrato em que foi parcialmente preenchido de forma...

STF determina prosseguimento de investigação sobre transfobia contra deputada Erika Hilton

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou decisão da Justiça Federal de São Paulo que havia...

STF vai discutir quebra de sigilo de histórico de busca na internet em procedimentos penais

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma, na sessão desta quarta-feira (16), a discussão sobre a possibilidade de a Justiça...