O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul afastou 14 estagiários e investiga outros servidores suspeitos de vazar informações de ações policiais para grupos criminosos.
A Corte abriu apurações internas, trocou todas as senhas de acesso ao seu sistema e suspendeu as senhas de cerca de 500 estagiários já dispensados, que ainda estavam ativas.
Segundo a GaúchaZH, os suspeitos cobravam até R$ 3 mil por cada informação restrita. Nos últimos dias, a polícia e o Ministério Público cumpriram 20 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão contra eles em nove cidades do estado.
Um ex-estagiário e uma servidora do Fórum de Cachoeirinha (RS), por exemplo, teriam vazado informações sobre alvos e datas de 78 ordens judiciais, incluindo 41 de prisão, antes da execução.
Conforme a investigação, a mesma facção beneficiada por esses vazamentos também tinha um informante na 21ª Câmara Cível do TJ-RS. Uma estagiária teria admitido a venda de informação sobre ações policiais em um condomínio de Porto Alegre, apontado como local de tráfico de drogas.
De acordo com o promotor Flávio Duarte, é difícil apurar a quantidade exata, mas, somente em um pequeno período de 30 dias, 15 operações foram frustradas pelo possível vazamento de informações aos investigados.
Outro caso diz respeito a uma ação policial em Santa Maria (RS) que buscava prender um gerente da facção. As ordens judiciais teriam sido consultadas previamente com a senha de uma servidora do Fórum de São Gabriel (RS). Quando os mandados foram cumpridos, as casas estavam vazias.
Em Canoas (RS), em um caso de estelionato, os advogados dos suspeitos tiveram acesso a 30 pedidos de prisão e 53 pedidos de busca e apreensão dos policiais antes mesmo do juiz examiná-los. O acesso teria ocorrido a partir da senha de uma ex-estagiária do Fórum Central de Porto Alegre.
Há ainda suspeitas de extorsões. Um criminoso, se passando por policial, teria enviado mensagem a um homem que seria alvo de um mandado de busca em Cachoeira do Sul (RS). Ele teria pedido R$ 4 mil para não “plantar” drogas durante a operação. A consulta ao processo teria sido feita por um ex-estagiário do Fórum de Novo Hamburgo (RS), com a senha de outra servidora.
À GZH, o desembargador Antonio Vinicius Amaro da Silveira, segundo vice-presidente do TJ-RS, informou que o compartilhamento de senhas é irregular. Servidores e magistrados são orientados a não repassá-las.
Com informações do Conjur