STF reitera que promotores podem conduzir investigações criminais

STF reitera que promotores podem conduzir investigações criminais

O Ministério Público pode realizar investigações, sem participação da polícia, desde que cumpra parâmetros que assegurem os direitos e garantidas dos investigados. Esse foi o entendimento reafirmado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) durante sessão de julgamento virtual encerrada na última sexta-feira (28). Por unanimidade, os ministros reiteraram que não há monopólio da polícia para a atividade investigatória, mas que a condução pelo MP deve seguir parâmetros fixados pela Suprema Corte. A decisão do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 3806 segue parecer do Ministério Público Federal (MPF).

No parecer, o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, destacou que é preciso que seja conferida interpretação conforme a Constituição Federal. Pela Constituição, são funções do Ministério Público “requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais”.

Gonet ainda ressaltou que o questionamento já foi analisado pelo STF em outro julgamento. Na ocasião, os ministros entenderam que a atribuição do é amparada nos poderes constitucionais implícitos do Ministério Público para realizar investigações penais. Além de reconhecer o poder do MP para realizar investigações, a Suprema Corte estabeleceu parâmetros e requisitos para a instauração e a condução de procedimentos investigatórios criminais por iniciativa própria do Ministério Público.

Parâmetros – Conforme os parâmetros definidos pela Suprema Corte, o MP é obrigado a comunicar imediatamente ao Poder Judiciário sobre o início e término dos procedimentos. As investigações devem seguir os mesmos prazos e regras dos inquéritos policiais, e as prorrogações também precisam ser comunicadas. O órgão  ainda analisa a possibilidade de iniciar investigação própria sempre que o uso de arma de fogo por agentes de segurança resultar em mortes ou ferimentos graves, ou quando esses agentes forem suspeitos de envolvimento em crimes.

O relator do caso no Supremo, ministro Edson Fachin, destacou que a investigação conduzida pelo MP tem caráter subsidiário, com o objetivo de favorecer mecanismos de cooperação. Para o relator, apenas quando a garantia que representa o inquérito não for plenamente realizada é que o MP pode atuar, devendo justificar as razões pelas quais optou por conduzir a investigação preliminar. “Isso não significa que compete sempre ou exclusivamente ao Ministério Público a investigação preliminar, mas lhe compete, na qualidade de único legitimado a propor a ação penal pública, decidir sobre a suficiência (relativamente ao direito de eventual investigado) dos atos produzidos no inquérito”, concluiu.

Legislação – A Lei Orgânica do Ministério Público (Lei no 8.625/1992) permite ao MP expedir notificações para colher depoimento ou esclarecimento; requisitar informações, exames periciais e documentos de autoridades, podendo ainda promover inspeções e diligências investigatórias junto às autoridades, além de requisitar informações e documentos a entidades privadas. Já a Lei Orgânica do Ministério Público da União (Lei Complementar no 75/1993) estabelece que o Ministério Público da União (MPU), sempre que necessário ao exercício das funções institucionais, pode acompanhar e produzir provas em inquéritos policiais e procedimentos administrativos, entre outras atribuições.

Cabe aos delegados de polícia realizar investigação criminal, mas há regras que permitem que essas investigações sejam feitas diretamente por um procurador da República ou promotor de Justiça, integrantes do Ministério Público.

Com informações do MPF

Leia mais

MP recorre da absolvição de quatro PMs acusados de envolvimento no “Fim de Semana Sangrento” em Manaus

O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) recorreu da decisão da Justiça, que havia absolvido quatro policiais militares acusados de tentativa de homicídio...

Audiência sobre reajuste da tarifa do transporte coletivo em Manaus é remarcada para 13 de março

Audiência estava inicialmente prevista para esta quinta-feira, dia 6. A determinação ocorre no âmbito da Ação Civil Pública n. 0039516-75.2025.8.04.1000, proposta pelo Ministério Público...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Projeto prevê envio de SMS para informar vítimas e testemunhas sobre soltura de preso

O Projeto de Lei 118/25 obriga a administração do sistema penal a enviar mensagens de celular para informar vítimas,...

Justiça Federal recebe denúncia contra acusado de extrair ilegalmente toneladas de areia e argila em Manaus

A pedido do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal revogou um acordo de não persecução penal (ANPP) e...

Moraes nega novo pedido de mais prazo para defesa de Braga Netto

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quinta-feira (6), em Brasília, mais um pedido do general...

MP recorre da absolvição de quatro PMs acusados de envolvimento no “Fim de Semana Sangrento” em Manaus

O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) recorreu da decisão da Justiça, que havia absolvido quatro policiais militares...