Denunciados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), quatro homens foram condenados pelo sequestro, roubo, estupro e morte da transexual Emanuelle Muniz Gomes, em Anápolis, em julgamento concluído na madrugada de quarta-feira (21/7). As penas foram impostas de acordo com a participação de cada um nos crimes. Os condenados são Daniel Lopes Caetano, Sérgio Cesário Neto, Renivan Moisés de Oliveira Caetano e Márcio Machado Nunes.
A denúncia data de 2017, quando ocorreram os crimes, tendo sido oferecida pela promotora de Justiça Adriana Marques Thiago. A acusação no júri que levou os réus à condenação foi feita pela representante do MP-GO, a promotora de Justiça Camila Fernandes Mendonça, atual titular da promotoria. A sessão foi presidida pelo juiz Linhares Camargo.
Daniel Lopes foi condenado a 26 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado, homicídio qualificado tentado e estupro. Sérgio Cesário a 34 anos e 2 meses pelas práticas dos delitos de homicídio qualificado, homicídio qualificado tentado, roubo majorado e estupro.
Já Renivan Moisés foi condenado a 26 anos e 10 meses pelos crimes de homicídio qualificado, homicídio qualificado tentado e estupro, enquanto Márcio Machado foi condenado a 35 anos e 4 meses de reclusão.
Os fatos
Inquérito policial apurou que, no dia 26 de fevereiro de 2017, por volta da meia-noite, ao lado da Boate Terra Brasil, no Setor Jundiaí Industrial, em Anápolis, Daniel Lopes, Sérgio Cesário, Renivan Moisés e Márcio Machado subtraíram para eles, mediante violência, uma bolsa, contendo objetos e documentos pessoais e dinheiro de duas pessoas – a mãe de Emanuelle e um amigo. Conforme a denúncia, nesse mesmo dia, em uma estrada vicinal, em uma churrascaria da zona rural, os quatro satisfizeram suas lascívias e praticaram atos libidinosos diversos da conjunção carnal com a vítima Emanuelle Muniz Gomes.
Na sequência, os homens mataram Emanuelle, motivados pelo fato de ela ser transexual. O crime foi cometido de forma cruel e de forma que impossibilitou a defesa da vítima. Pertences de Emanuelle foram retirados após o estupro, enquanto ela estava viva.
Detalhes
A investigação policial, destacada na denúncia, apurou que Emanuelle foi à boate com a mãe, Edna Girlene Gomes, e um amigo, Wilker Fernandes de Araújo. Quando estava na porta do local, o denunciado Márcio lhe ofereceu carona, a qual aceitou. Contudo, informou que estava acompanhada de Edna e Wilker, que ainda estavam na boate.
Assim, juntamente com Márcio, Emanuelle retornou à casa de shows e disse às também vítimas Edna e Wilker que havia conseguido uma carona. Assim, todos foram para o carro, que estava ocupado por Sérgio, que ia como motorista, e Renivan, no banco do passageiro. Emanuelle entrou no banco traseiro do automóvel ao lado de Renivan e, em seguida, Márcio também entrou. No momento em que Wilker entrou no veículo, Edna disse que não caberiam todos e era melhor desistirem da carona; Wilker, então, desceu. Nesse momento, Daniel saiu por detrás de uma árvore, abordou a Edna e começou a agredi-la, subtraindo-lhe a sua bolsa, ocasião em que Wilker tentou defendê-la e também foi agredido por Daniel, que levou o dinheiro que tinha.
Já Emanuelle, ao perceber a ação dos denunciados, jogou seu celular pela janela e tentou sair do carro, mas foi impedida por Renivan e Márcio. Em seguida, Daniel entrou no veículo e todos fugiram do local, levando Emanuelle à força.
No trajeto, eles praticaram violência sexual contra Emanuelle, quando, então, descobriram que a vítima era transexual. Na sequência, foram até o lixão e todos tiraram a jovem do veículo à força, arrastando-a pelos cabelos, tendo Sérgio e Márcio continuado a praticar atos sexuais com ela. Depois disso, eles a agrediram com um amortecedor que estava no porta-malas do automóvel, batendo em diversas partes de seu corpo, instante em que Emanuelle informou que tinha o valor de R$ 3 mil em sua residência e que eles poderiam ficar com a quantia.
No entanto, ressaltou a denúncia, por ódio por terem descoberto que a vítima era transexual e para não serem reconhecidos, decidiram pela morte, sem lhe dar qualquer chance de defesa, continuando a agredi-la de forma cruel, com ataques reiterados com paus, pedras e pedaços de concreto até o seu óbito.
Após terem executado a vítima, os réus viram uma pessoa passando pelo local – era Marcos Correia da Silva. Para assegurarem a prática do crime contra Emanuelle, decidiram matar Marcos. Sem lhe dar chance de defesa, começaram a agredi-Io com socos e chutes, bem como lhe desferiram pedradas, ficando ele inconsciente e só não morreu porque foi socorrido em tempo hábil.
Fonte: Ascom MPGO