O promotor Fabiano Augusto Petean solicitou à Justiça Eleitoral investigação contra um jornalista da Folha de S.Paulo que revelou que a equipe do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante uma atividade de campanha nas eleições de 2022, ordenou que um cinegrafista apagasse um vídeo de um tiroteio que ocorreu no local da agenda. A informação foi publicada na Folha nessa terça-feira (6/12).
No segundo turno da eleição, um profissional da Jovem Pan filmou a troca de tiros envolvendo a polícia em Paraisópolis, na zona oeste de São Paulo, que resultou na morte de um homem enquanto Tarcísio fazia campanha na favela. Um áudio publicado pela Folha na época flagra o momento em que um integrante da equipe do atual governador se dirige ao cinegrafista e diz: “você tem que apagar”.
O profissional da JP, Marcos Andrade, relatou à reportagem em outubro do ano passado que achou o pedido da segurança de Tarcísio “muito estranho” e, por isso, não apagou os registros.
Além do inquérito sobre o homicídio, o caso foi levado à Justiça Eleitoral para apurar se Tarcísio havia incorrido em crime previsto no artigo do Código Eleitoral que trata da divulgação, na campanha, de fatos inverídicos “capazes de exercer influência perante o eleitorado”. Ou seja, havia a suspeita de que o tiroteio poderia ter sido a simulação de um atentado contra o então candidato.
Na segunda-feira (4/12), o promotor eleitoral assinou um documento pedindo o arquivamento desta investigação em relação a Tarcísio. Além disso, o documento pedia a investigação dos jornalistas Artur Rodrigues, da Folha, e Joaquim de Carvalho, do site Brasil 247, sob suspeita de “feitura de matérias que contêm conteúdo inverídico”.
O promotor fala, inclusive, na necessidade de interrogatórios com “diretores de reportagem que autorizaram a divulgação das matérias constantes dos autos”.
Para chegar a essa conclusão, o promotor cita o depoimento no inquérito do cinegrafista, que disse nunca ter afirmado que o tiroteio em Paraisópolis tinha sido “uma farsa da campanha eleitoral de Tarcísio”. Diferente do que sugere o promotor, as reportagens publicadas pela Folha a respeito também não traziam essa afirmação. Segundo o próprio jornal, o repórter e a Folha não foram notificados da medida.
Com informações do Conjur