A plataforma Metamemo, que coleta e preserva conteúdos de redes sociais, salvou o vídeo publicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contestando as eleições pouco depois dos atos de 8 de janeiro. O Supremo Tribunal Federal determinou que a Meta, dona do Facebook, disponibilizasse o material, mas a empresa disse que não conseguiu recuperar o post que Bolsonaro publicou e depois apagou.
A Metamemo não tem ligação com o Facebook. Desenvolvida entre 2021 e 2022, a plataforma busca preservar publicações em diversas redes sociais e “facilitar a análise desse conteúdo por parte de ativistas, jornalistas e pesquisadores”.
O primeiro projeto implementado pela Metamemo foi o “Bolsodata”, que registra e preserva conteúdos publicados por todos os integrantes da família Bolsonaro no Facebook, Instagram, Twitter, Youtube, Telegram e em blogs.
É possível visualizar as postagens no site da Metamemo, inclusive os que foram posteriormente apagados pelo clã Bolsonaro, entre eles o vídeo requisitado pelo Supremo que o Facebook disse não possuir mais.
“Utilizando APIs das próprias plataformas de redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, Telegram e Blogspot, o Metamemo conseguiu armazenar de forma eficaz mais de 100 mil conteúdos, entre vídeos, fotos e textos, desde fevereiro de 2022 até o momento atual produzidos por Jair Bolsonaro e seus filhos, todos figuras públicas”, disse a Metamemo em nota.
“A escolha do case dos Bolsonaros ajudou a demonstrar as funcionalidades e formas de visualização da plataforma, assim como também serviu para a equipe desenvolvedora testar soluções para uma efetiva realização das etapas de coleta, processamento e armazenamento dos dados”, prossegue.
Para acessar o vídeo publicado em 10 de janeiro, por exemplo, basta buscar na plataforma conteúdos feitos por Jair Bolsonaro entre 10/01/2023 e 11/01/2023. Segundo a plataforma, o vídeo foi publicado às 21h55 daquele 10 de janeiro. Os conteúdos preservados podem ser baixados.
Vídeo deletado
O vídeo deletado por Jair Bolsonaro apresentava questionamentos sobre a urna eletrônica e difundia a ideia falsa de que houve fraude nas eleições. Ele foi apagado por Bolsonaro pouco depois da publicação. O presidente disse que postou o material sob efeito de medicamentos.
O documento foi solicitado no âmbito das investigações sobre os ataques às sedes dos Poderes em Brasília. O inquérito apura atos de incitação, financiamento e execução dos atos de 8 de janeiro.
O vídeo pode implicar o ex-presidente como um dos incitadores das manifestações golpistas. A Procuradoria-Geral da República solicitou o material afirmando que o vídeo é necessário para que o órgão decida se há ou não elementos para denunciar Bolsonaro.
Já em janeiro, Alexandre determinou que a Meta preservasse o vídeo e que enviasse uma cópia ao tribunal. Também foram requisitadas informações sobre o número de visualizações, compartilhamentos e comentários feitos na publicação.
No começo do mês, Alexandre deu 48 horas para que a dona do Facebook respondesse, sob pena de multa de R$ 100 mil. A empresa então respondeu afirmando que o vídeo não estava mais disponível e era irrecuperável. Também disse que só foi intimada da decisão de janeiro, que determinava que o material fosse preservado, em agosto.
“O caso do vídeo deletado pelo ex-Presidente, postado no dia 10 de janeiro de 2023 e removido logo depois, ressalta a importância do Metamemo. Este registro, agora considerado uma peça-chave em investigações e discussões políticas, foi eficientemente preservado pela METAMEMO apesar de sua remoção das plataformas originais”, disse a Metamemo em nota.
Com informações do Conjur