São Paulo-SP – A Procuradoria-Geral da República (PGR) investiga o desembargador Ivo de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), e seu filho, Ivo de Almeida Júnior, por suspeitas de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro, levantadas durante a operação Churrascada.
Segundo informações da Folha, a operação resultou na suspensão do desembargador pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por um ano. Almeida é suspeito de vender sentenças para favorecer réus. Em declaração à Folha, Almeida negou todas as acusações. Seu filho, Almeida Júnior, recusou-se a dar entrevista quando procurado na terça-feira (2).
O advogado Átila Machado, que representa Almeida, afirmou em nota que “as acusações são absolutamente inverídicas e sua inocência será provada”.
A investigação da PGR, baseada em informações da Polícia Federal (PF), revela que um advogado, representando uma dupla presa em 2015 pelo roubo de uma carga avaliada em R$ 320 mil, teria negociado uma decisão favorável com Almeida por meio de Valmi Lacerda Sampaio (falecido em 2019) e Wilson Vital de Menezes Junior, intermediários do desembargador.
De acordo com a PF, no mesmo dia em que o advogado protocolou um pedido de revogação da prisão preventiva em 24 de maio de 2016, ele realizou um depósito de R$ 65 mil na conta de uma incorporadora da qual Almeida Júnior é sócio. Pouco depois, o desembargador concedeu habeas corpus e determinou a soltura da dupla, alegando excesso de prazo na prisão preventiva, que já durava 14 meses.
Dois meses antes, com outro advogado representando a dupla, o desembargador havia negado a revogação da prisão.
Ainda conforme a PF, a incorporadora da qual Almeida Júnior é sócio foi criada para a construção de um prédio na zona norte de São Paulo. Um dos apartamentos deste edifício foi vendido para a suposta esposa de Sampaio e, em 2018, revendido para a esposa de um sócio de Menezes Junior.
“Vê-se, então, que os dois principais articuladores das supostas propinas dirigidas ao desembargador Ivo de Almeida receberam do filho do desembargador um imóvel, em transação imobiliária registrada em 26 de junho de 2018. Por tudo isso, a autoridade policial bem observou a presença de elementos que justificavam o aprofundamento de investigação de fatos que podem configurar lavagem de capitais”, aponta a representação da PGR.
Machado, advogado do desembargador, ressaltou ainda que Almeida Júnior é um dos seis sócios da empresa e que o desembargador desconhece qualquer fato relacionado ao depósito de R$ 65 mil, alegando que ainda não teve acesso à íntegra das investigações.
O nome da operação, Churrascada, faz referência ao termo “churrasco”, utilizado pelos investigados como código para indicar o dia do plantão de Almeida na 1ª Câmara Criminal.
Leia mais:
Desembargador Ivo de Almeida afastado do TJ-SP nega acusações de vendas de sentenças