A Operação ‘Hermes’ da Polícia Federal, autorizada pelo Juízo Federal de Campinas, revelou que uma grande quantidade de mercúrio utilizada para extração ilegal de ouro pelos garimpeiros na Amazônia é produto do crime de contrabando que tem trazido enormes prejuízos ao Erário. O modo de agir do grupo criminoso envolvido consiste na utilização dos sistemas de controle do IBAMA para dar aparente legalidade ao mercúrio introduzido clandestinamente no país e a sucessiva comercialização do metal entre as empresas envolvidas. Todo o mercúrio usado no Brasil é importado, isso porque o País não tem reservas naturais. Os crimes apurados são de associação criminosa, contrabando, falsidade ideológica, uso de documento falso, crimes ambientais, receptação e lavagem de dinheiro. Cerca de 14 mandados de prisão são cumpridos.
O grupo investigado na Operação Hermes é suspeito de fraudes nos sistemas do Ibama para dar aparência de legalidade ao mercúrio contrabandeado. O órgão controla a produção nacional, que consiste quase inteiramente na reciclagem de materiais como lâmpadas e insumos odontológicos, para evitar o descarte irregular, por meio do Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras dos Recursos Ambientais (CTF/APP).
Segundo o apurado, o esquema é operado por meio de declarações falsas de produção: empresas de fachada seriam criadas para declarar que haviam obtido o mercúrio por meio de reciclagem ou pela compra de créditos de outras empresas. O destino final seria o abastecimento de garimpos na Amazônia Legal (Mato Grosso, Rondônia e Pará), com uma intensa relação de atravessadores e destinatários do produto.