O ex-presidente Jair Bolsonaro teve avaliado seu retorno ao país ante vários fatores que foram analisados como favoráveis. Lula está sendo alvo de um desgaste político que é incomum nos 90 primeiros dias de Governo. Tudo ventilou favoravelmente ao ex-presidente nas últimas semanas e a equipe de aliados aguardava o melhor momento [político] para essa volta. E dentro desse panorama o retorno ocorreu.
Tudo começou quando o atual presidente da República descumpriu seu compromisso de unir o país e acabar com a política de ódio e vingança. Mas, ao conceder uma entrevista a um portal de notícias, Lula disse que quando esteve preso somente pensava ‘em foder o Moro’ para ficar bem. Lula, para evitar um novo palavrão, disse que pensava em vingança.
Um dia depois, deflagrou-se uma operação da Polícia Federal em que se evidenciou que o PCC -facção criminosa ligada ao tráfico de drogas e de armas- esteve planejando atentados a autoridades, entre as quais um Promotor de Justiça do GAECO paulista e o Senador Sérgio Moro. Lula voltou a se manifestar e desqualificou o trabalho da Federal, dizendo que tudo não passava de uma armação do ex-juiz da Lava Jato.
Logo depois, a magistrada Gabriela Hardt retirou o sigilo das investigações, também motivada porque o presidente colocou em descrédito a decisão de uma juíza federal. Lula disse que queria ver essa sentença. Evidenciaram-se informações de que a Federal municiou com provas a decisão com a qual a operação foi deflagrada, culminando em prisões e busca e apreensão.
Ministros de Lula e a imprensa partidária tentaram contornar o discurso do presidente, mas sem sucesso. O estrago já havia sido feito, com o desgaste do presidente paz e amor. Sérgio Moro chegou a pedir respeito ao presidente. Moro chegou a afirmar que Lula seria responsável por qualquer coisa que acontecesse com sua família que está inclusive sob a proteção policial.
O Presidente também enfrenta desgastes políticos. Lula fez pressão para que a presidência do Banco Central cedesse quanto às taxas de juros. Roberto Campos não se intimidou e tampouco o Senado da República deu ouvidos ao presidente. O Senado firma que tem que ser respeitada a autonomia do Banco Central. Recentemente o Copom se reuniu e manteve as taxas de mercado aludindo ao fato de que não há uma política fiscal que possa proporcionar a diminuição dessas taxas.
Lula, embora tenha distribuído cargos no primeiro e no segundo escalão do Governo, ainda não conseguiu uma base sólida no Congresso para que projetos sejam aprovados sem apertos. Além disso, a economia anda em marcha lenta, com o aumento da inflação, para a qual tem concorrido o aumento dos combustíveis proporcionado com o retorno da cobrança de tributos. Não houve momento mais adequado para o retorno de Bolsonaro ao Brasil, avaliam os aliados políticos.