O Presidente Jair Bolsonaro determinou a suspensão do pagamento das emendas do orçamento secreto após seus aliados no Congresso fecharem alianças com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Não haverá mais pagamentos este ano, afirmou Bolsonaro. Na prática, a medida deixa o presidente da Câmara, Arthur Lira, sem capacidade de honrar os acordos feitos para bancar sua eleição no comando da Casa. Noutro giro, empurra para Lula o ônus de manter as ‘negociações’ que tanto condenou em sua campanha eleitoral e decidir pela liberação dessas verbas a partir do próximo ano. Se Lula fechar as torneiras, a relação com o Congresso tende a azedar.
O orçamento secreto, na Câmara dos Deputados é operado por Arthur Lira e no Senado por Rodrigo Pacheco, que tendem a ser apoiados pelos petistas para serem reconduzidos à presidência de cada uma das casas do Legislativo. O orçamento secreto consiste no repasse ao relator do orçamento da decisão sobre qual deputado ou senador decida o que fazer com recursos federais que são repassados pelo Executivo.
A decisão de Bolsonaro ocorre um dia depois de o PT se aproximar de Lira, anunciando apoio à sua recondução à presidência da Câmara. Os petistas também devem apoiar a reeleição de Rodrigo Pacheco ao comando do Senado. O orçamento secreto é fundamental para que se movimente o prestígio do presidente de cada uma dessas casas do Congresso.
O relator do orçamento é indicado pelos presidentes da Câmara e do Senado, que põem na mão de três políticos a operação de dinheiro público. Dessa forma, somente recebe quem votar de acordo com eles. Com o dinheiro, políticos repassam a aliados verbas púbicas que findam também sendo administradas por prefeitos em vários municípios brasileiros.