Em decisão proferida no dia 22 de agosto de 2024, o Juiz Moacir Pereira Batista, da Vara do Meio Ambiente, determinou que a Polícia Civil do Amazonas conduza uma investigação mais aprofundada sobre as denúncias de maus-tratos a animais que viviam na casa de Dilemar Cardoso, conhecida como Djidja, ex-sinhazinha do Boi Garantido.
A medida foi tomada após o Ministério Público solicitar o retorno do processo para a instauração de um inquérito policial, ao analisar os autos de um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), que tratava de possíveis abusos cometidos contra cães e cobras.
A Polícia Civil do Amazonas investiga denúncias de maus-tratos a animais após laudos veterinários confirmarem as condições de saúde debilitadas em seis cães da raça Spitz e em duas cobras, uma píton “Seu bacana” e uma jiboia “Afrodite”. Os cães, segundo as apurações da época, em junho deste ano, foram encontrados desidratados e com baixa imunidade.
O Ministério Público destacou que os fatos revelam a gravidade das informações, incluindo o suposto uso de ketamina nos animais, o que requer uma apuração mais rigorosa do que a permitida no âmbito de um TCO, geralmente destinado a delitos de menor potencial ofensivo.
Conforme a decisão, a conduta dos envolvidos pode ser enquadrada no artigo 32, § 1º, da Lei n.º 9.605/98, que trata dos crimes de maus-tratos contra animais. O magistrado argumentou que a complexidade do caso exige uma investigação minuciosa para garantir a correta tipificação penal e responsabilização dos envolvidos.
No depoimento constante do TCO, Ademar Farias Cardoso Neto, irmão de Djidja, admitiu ter aparecido em um vídeo segurando uma cobra enquanto fumava maconha, mas negou a intenção de prejudicar o animal. Ele argumentou que a fisiologia da cobra impediria que ela inalasse a fumaça, rebatendo as alegações disseminadas nas redes sociais acerca de maus tratos.
Ademar encontra-se preso desde 29 de maio de 2024, em decorrência de investigações relacionadas ao caso Mandrágora, que envolve a morte de Dilemar Cardoso, supostamente causada por uma superdosagem de ketamina. A prisão de Ademar, bem como a de outros familiares, foi decretada após a morte da ex-sinhazinha e está relacionada a uma seita, denominada pelos próprios envolvidos de Pai, Mãe, Vida, que seria o pano de fundo para o uso e comércio de drogas sintéticas
A defesa de Ademar, por sua vez, argumenta que ele não representa um perigo à ordem pública e que a droga encontrada era para uso próprio. Com base nisso, foi impetrado um habeas corpus contra a decisão do Juízo da 3ª Vara de Execuções Criminais em Manaus, que mantém Ademar preso.
A defesa alega que com a operação Mandrágora foram decretadas prisões de suspeitos, dentre os quais, quatro se encontram respondendo ao processo em liberdade. No habeas corpus, a defesa de Ademar Cardoso alega que nas mesmas condições em que foram deferidas as liberdades de Claudielle Santos da Silva, Marlinsson Vasconcelos Dantas, Emircley Araújo Júnior e Bruno Silva, pode ser concedida liberdade a Ademar e mais dois presos, Hatus Moraes e Máximo Oliveira. O Habeas Corpous ainda não foi julgado.