Com a eleição de Lula neste segundo turno das eleições 2022 surgem novas indefinições que impõem ao petista o enfrentamento de uma série de adversidades que ainda estão por vir. Uma delas se centra em torno da transição do atual governo para o terceiro mandato do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Há apenas uma certeza: o direito do presidente eleito em nomear 50 nomes que integrarão essa comissão de transição.
As dúvidas são inúmeras: o acesso aos ministérios, informações de interesse público, e uma enorme barreira estatal criada por Jair Bolsonaro que se revelou hoje, inclusive, no dia das eleições, com atuação da Polícia Rodoviária Federal ao pretexto de fiscalização de veículos pelas estradas do Nordeste. Muitos eleitores tiveram que sair de pés, andando, para ficarem livres das investidas policiais, contaram fontes a veículos de imprensa.
As ações da Polícia Rodoviária Federal e do Exército foram utilizadas hoje por Jair Bolsonaro para fazer blitz no dia das eleições em lugares próximos a redutos eleitorais do petista no Nordeste do país. E foram lugares onde Lula registrou expressiva votação e que demonstrou, de certa forma, o grau de politização de parte da burocracia do Estado, sem isenção de ânimo.
O uso dessas forças institucionais e militares mostra o tamanho das dificuldades que o petista ainda irá enfrentar. No Brasil, o atual presidente Bolsonaro fez do Governo Federal um ministério impregnado de militares. Ao todo, mais de 6 mil militares foram nomeados para cargos de natureza civil. Há um mundo político fechado em relação a esses fatores que deverão ser enfrentados por Lula, embora tenha a procuração do povo que lhe foi outorgada hoje, com a maioria dos votos válidos.