A Liga de Estagiários da Justiça do Tribunal de Justiça do Amazonas (LEJ/TJAM) realizou no último dia 20/06 seu último encontro de aulas práticas, no Centro de Detenção Feminino de Manaus (CDFM). Ao todo, os integrantes da Liga participaram de 21 encontros, divididos entre o subciclo Cível e o subciclo Criminal, entre agosto de 2023 e junho de 2024.
A Liga é um programa de ensino, pesquisa e extensão, proposto pela Escola Judicial (Ejud/TJAM) e pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF/TJAM), que objetiva promover o aprofundamento dos estagiários nas temáticas interdisciplinares que auxiliem o melhor desempenho de seu trabalho e o desenvolvimento de seu raciocínio ético, crítico e reflexivo.
Foi utilizado o programa do Grupo de Diálogo Universidade-Cárcere-Comunidade (GDUCC), projeto concebido pelos professores Alvino Augusto de Sá e Sérgio Salomão Shecaira, que busca estabelecer uma conexão entre a academia, o cárcere e a comunidade, propondo o diálogo horizontal com a população encarcerada.
Os ligantes têm a oportunidade de se desenvolver no âmbito científico, técnico, cultural e profissional, e expandir seu conhecimento-base a respeito das situações peculiares do desenvolvimento humano, pesquisando sobre técnicas humanizadas para a melhor prestação dos serviços jurisdicionais, consolidando a relação entre a instituição e a sociedade mediante as ações de extensão.
A iniciativa de criar a LEJ veio por intermédio da necessidade de oferecer uma atividade direcionada aos estagiários do Tribunal, e garantir que estes estivessem inseridos no processo de construção e consolidação dos princípios educacionais relacionadas à missão e aos valores do TJAM, promovendo os valores de compromisso, qualidade, cooperação, conhecimento, integridade, inovação, compaixão, responsabilidade e humanismo.
O diretor da Escola Judicial, desembargador Cezar Bandiera, afirmou que a Liga de Estagiários da Justiça é um marco significativo para a formação dos estagiários do TJAM. “A Escola, ao longo 11 meses, proporcionou uma experiência prática e multidisciplinar, fortalecendo não apenas o conhecimento técnico, mas também os valores éticos e humanos essenciais para o serviço jurisdicional”, destacou o magistrado.
Conforme Rafael Santos, secretário-geral da Escola Judicial, promover o diálogo entre a Escola e o sistema prisional, neste caso específico o Centro de Detenção Feminino de Manaus, é um processo de inclusão social que oportuniza a real ressocialização das reeducandas. “A educação e profissionalização se mostram caminhos para uma nova possibilidade de vida”.
De acordo com a psicóloga e coordenadora de Pós-graduação e Extensão da Divisão de Gestão Pedagógica da Ejud, Munique Therense, a ênfase do projeto é utilizar a horizontalidade para contribuir com a reintegração das mulheres privadas de liberdade à sociedade. “E isso foi muito visto, principalmente nos relatos dessas mulheres. Como disse uma delas, ‘nos momentos em que o GEDUCC estava acontecendo, eu me sentia pertencente à sociedade’. E eu acho que isso mostra que de fato a proposta cumpre ao que se propõe”, disse Munique.
Em relação à formação dos estagiários, a psicóloga frisou que, um dos desafios foi “executar uma proposta que pudesse reunir estagiários de setores diferentes”. “Durante as conversas e no cotidiano, percebemos que, embora houvesse demandas específicas, são extremamente articuladas umas com as outras e juntos, torna-se mais fácil contribuir com a finalidade do Poder Judiciário”, frisou a coordenadora.
Para Alexandrina Rebelo, estagiária participante da Liga, “a palavra que descreve a iniciativa é diálogo”. Alexandrina ainda afirmou que as rodas de conversa, atividades dinâmicas e as trocas de experiências foram essenciais para “mostrar outros espaços de educação, em especial esse, o cárcere, onde poucos querem pisar”.
A cerimônia de encerramento do Ciclo I do projeto será realizada no dia 25 de julho, com a presença do Conselho Consultivo e da Diretoria do GDUCC e da Ejud/TJAM.
Com informações do TJAM