A 2.ª Vara da Comarca de Iranduba e o Abrigo Coração do Pai, instituição que acolhe crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade no município, localizado a 25 quilômetros de Manaus, estão buscando candidatos a padrinhos e madrinhas afetivos para a garotada da instituição. No último sábado (25/11), a juíza Nayara Antunes, titular da unidade judicial, ministrou palestra e esclareceu dúvidas de três pessoas, em Iranduba, que desejam se tornar padrinhos afetivos. Mas esse número ainda é muito baixo, pois o abrigo possui mais crianças e adolescentes precisando dessa figura em suas vidas.
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o apadrinhamento de meninos e meninas em situação de acolhimento pode ser afetivo ou financeiro, sendo este último caracterizado por uma contribuição financeira à criança institucionalizada, de acordo com suas necessidades. Já o apadrinhamento afetivo tem o objetivo de promover vínculos afetivos seguros e duradouros entre eles e as pessoas que se dispõem a ser padrinhos e madrinhas.
O projeto no “Coração do Pai” em Iranduba está com inscrições abertas e busca pessoas com disponibilidade para participar diretamente da vida de crianças e de adolescentes. Os interessados podem morar no município mesmo ou próximo e precisam preencher os seguintes requisitos: ser voluntário com, no mínimo, 21 anos; participar de cursos, oficinas e reuniões com a equipe do projeto e não estar envolvido em processo de adoção.
Após participar de um processo de sondagem e de capacitação na instituição de acolhimento, além de receber a autorização da Justiça, o padrinho ou madrinha poderá levar a criança/adolescente para passar os fins de semana ou até períodos mais extensos como férias escolares e datas comemorativas. “Apadrinhar não é adotar, mas é oferecer às crianças e aos adolescentes momentos de convivência familiar na qual receberão amor, atenção, afeto e carinho”, conforme informou o Abrigo Coração do Pai.
Projeto
Segundo a juíza Nayara Antunes, o trabalho sobre apadrinhamento afetivo é uma parceria entre a 2.ª Vara da Comarca de Iranduba e a instituição de acolhimento do município. A unidade judicial está auxiliando essa atividade por meio da avaliação mais célere dos processos relacionados ao assunto, além de ministrar palestras, esclarecendo dúvidas sobre quem pode apadrinhar, quais as responsabilidades dos padrinhos, os limites de convivência e como ocorre esse vínculo tão importante para a vida de uma criança.
A juíza também frisou que a Justiça fica a par dos relatórios encaminhados pelo Abrigo Coração do Pai sobre os apadrinhamentos e realiza um acompanhamento dessas atividades, visando o melhor interesse da criança e do adolescente. “Conforme as diretrizes do CNJ, uma das intenções do apadrinhamento afetivo é que a criança possa conhecer como funciona a vida em família, vivenciando situações cotidianas. E os padrinhos precisam ter disponibilidade para partilhar tempo e afeto porque eles se tornarão uma referência significativa ao longo de suas vidas”, acrescentou a magistrada.
Apesar dos esforços iniciais, “a demanda ainda é significativa e a Justiça espera que mais corações generosos se interessem pelo projeto”, informou a juíza Nayara. “O padrinho afetivo representa a chance de transformar positivamente o trajeto de vida de uma criança em situação de vulnerabilidade. Eles não oferecem somente um ambiente seguro e amoroso, mas também desempenham um papel fundamental no desenvolvimento emocional dessas crianças, moldando suas perspectivas para o futuro. Esse é o nosso apelo e a esperança é que mais pessoas se mobilizem para serem a diferença na vida daqueles que mais precisam, solidificando laços afetivos que perdurarão por toda uma vida”, completou.
Referência
“Nesse momento, a nossa maior dificuldade é conseguir padrinhos, mas estamos na luta”, comentou a coordenadora do Abrigo Coração do Pai em Iranduba, Natália Mano. Ela disse que o apadrinhamento afetivo inicia desde o momento em que a criança está no abrigo até o seu desacolhimento, mesmo assim continuam como um referencial na vida dela.
“Dos padrinhos afetivos, as crianças e os adolescentes esperam amor, carinho, cuidado e participação em suas vidas, como datas comemorativas, aniversários, fins de semana e feriados. Eles relatam que gostam dos momentos em que passam com os padrinhos, quando brincam juntos, passeiam e fazem atividades conjuntas”, disse.
Segundo Natália, o abrigo ainda está com oito crianças e adolescentes, na faixa etária de 4 a 13 anos, que ainda não conseguiram padrinhos afetivos. Os interessados podem procurar a instituição através dos telefones (92) 3396-6777 e Whatsapp (92) 99171-7368 ou ir pessoalmente ao abrigo, que funciona na Rua João Florêncio Nunes, 10 – Centro, Iranduba, Amazonas. Com informações do TJAM