O 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou um sargento do Corpo de Bombeiros a 12 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, pela tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil praticada contra um atendente do McDonald’s, em maio de 2022.
A sentença foi lida na noite de quinta-feira (27/7) pelo juiz Gustavo Kalil, que presidiu a sessão realizada no Fórum Central da cidade. O magistrado ainda fixou em R$ 100 mil o valor da indenização por danos morais a ser paga pelo bombeiro à vítima.
Por maioria de votos, o Conselho de Sentença, formado por sete jurados, considerou o réu culpado por atirar no funcionário que trabalhava em uma unidade da lanchonete no bairro da Taquara, na região oeste da capital fluminense. Na ocasião, o desentendimento entre eles começou após o bombeiro exigir do atendente um desconto de R$ 4 em seu pedido.
Segundo a vítima e outras testemunhas, o cliente estava no drive-thru da loja e queria adicionar um cupom promocional depois que o pedido já tinha sido fechado. O atendente teria informado que não seria possível. Nesse momento, o bombeiro se irritou, quebrou a proteção de acrílico e deu um soco no trabalhador, que revidou a agressão.
Imagens das câmeras de segurança do estabelecimento mostram quando o sargento entra na loja com uma arma na mão, vai até a área de trabalho da lanchonete e, segundo testemunhas, atira no rapaz. O militar deixa o local e o atendente fica caído no chão e é amparado por um colega.
A bala atingiu o rim esquerdo e o intestino grosso da vítima, que sobreviveu, mas precisou passar por cirurgias e ainda sofre com as sequelas do crime. Na sentença, o juiz destaca que a vítima afirmou que toma remédio para dormir, perdeu rim e parte do intestino; anda mancando e faz fisioterapia em decorrência da lesão provocada na coluna; foi aposentado por invalidez. Sua mãe teve que largar o trabalho para poder cuidar dele, diminuindo a renda da família. Além disso, ele estava juntando dinheiro para fazer faculdade de veterinária, o que agora não é possível, pois parou sua vida para fazer o tratamento.
“Um jovem de então 21 anos que estava trabalhando com atendente no período da noite. A fala da vítima é compatível com a prova técnica, tanto que o laudo de exame de fls. 1387/1390 atestou debilidade permanente nas funções renal e digestória, além de deformidade permanente. São consequências gravíssimas e sérias”, escreveu.
Já o agressor disse que o tiro foi dado de forma acidental. Ele justificou o disparo por conta do consumo de bebida alcoólica, remédios controlados, problemas na vida pessoal e por ter sofrido uma ofensa homofóbica por parte do atendente.
O sargento teve sua prisão preventiva decretada no dia 20 de maio do ano passado e desde então está em uma unidade prisional do Corpo de Bombeiros. O juiz Gustavo Kalil manteve a prisão e decretou a perda do cargo de bombeiro do acusado, medida condicionada ao trânsito em julgado da sentença, quando esgotados todos os recursos.
Processo 0114602-30.2022.8.19.0001
Com informações do Conjur