O juiz Gilberto Alves Braga Júnior, da comarca de Jales/SP, proferiu decisão determinando a prisão preventiva a acusado de furtar um celular, mencionando que o presidente Lula colabora com o crime, fazendo referência a uma fake news que circulou nas redes sociais durante as eleições de 2022, por meio de um vídeo editado. Após o caso ser revelado pela Folha de S. Paulo, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrará com uma representação no CNJ contra o juiz, por abuso de direito.
O vídeo ao qual o magistrado se referiu trata-se de uma fake news lançada nas eleições de 2022. O vídeo foi manipulado e circulou nas redes de apoiadores do ex-presidente, Jair Bolsonaro. Duas falas do atual presidente foram manipuladas e tiradas do contexto. Em uma das falas, Lula aborda sobre a violência no Estado e diz: “Para que roubar um celular? – Para vender, para ganhar um dinheirinho”.
Os vídeos foram unidos para parecer que os meliantes roubam celulares para “tomar uma cerveja”. A agência LUPA foi responsável pela checagem dos vídeos (agência de combate à desinformação).
A decisão foi proferida no último sábado 22, e tratava sobre uma prisão por furto. Nela o magistrado insinua que Lula colabora para que a prática seja comum no Brasil. O acusado estava em uma lanchonete, e foi preso após a dona do estabelecimento acusá-lo de furtar um celular.
Na época da divulgação da fake news, Bolsonaro ainda reproduziu o vídeo: “Esse mesmo cara que defende o roubo de celular como um direito de bandido roubar pra tomar uma cerveja”, disse o ex-presidente.
“Talvez o furto de um celular tenha se tornado prática corriqueira em São Paulo, até porque relativizada essa conduta por quem exerce o cargo de atual presidente da República, mas para quem vive nesta comcarca, crime é crime, e não se pode considerar normal e aceitável a conduta de alguem que subtrai o que pertence a outrem”, disse o juiz Gilberto Braga.