Imprevisão é justificativa para fixar redução de aluguel durante a pandemia, diz Tribunal

Imprevisão é justificativa para fixar redução de aluguel durante a pandemia, diz Tribunal

A Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Amazonas julgou na última segunda-feira (10/04) processo tratando de revisão de valor de aluguel comercial durante período da pandemia de covid-19, decidindo pelo provimento parcial do recurso. A decisão foi por unanimidade, de relatoria do desembargador João Simões, para reformar a sentença e fixar redução de 30% no valor do aluguel (a partir de janeiro de 2021 até o fim do contrato, em março de 2021), em vez de 50%, como havia decidido o juízo de 1.º Grau.

Durante a sessão houve sustentação oral pela parte apelante, alegando que a teoria da imprevisão aplicada exigiria a comprovação do prejuízo da locatária, que atua no ramo de venda de produtos eletrônicos, e que isso não teria ocorrido, sustentando que deveria ser aplicada ao caso a Lei do Inquilinato (Lei n.º 8.245/91).

Outro ponto da apelação foi quanto aos honorários de sucumbência, fixados, após embargos de declaração em 1.º Grau, sobre o valor da causa, com o pedido de que fosse mantida a primeira decisão para incidir sobre o proveito econômico (no caso, sobre o desconto obtido nos aluguéis).

Em seu voto, o desembargador destacou que apesar de o assunto ser regulamentado pela Lei n.º 8.245/91, não seria o caso de sua aplicação, pela excepcionalidade das circunstâncias,, com medidas que levaram ao fechamento do comércio no período da pandemia em Manaus e que resultaram em consideráveis impactos financeiros, mas que também não afastariam a obrigação do locatário de pagar os aluguéis. Este teria então buscado a revisão contratual para continuar a cumprir sua obrigação, adequando-a à realidade enfrentada.

“Considerando a imprevisibilidade e a extraordinariedade da pandemia e os efeitos econômicos dela decorrentes, mostra-se perfeitamente aplicável ao caso a teoria da imprevisão, visto que, por circunstâncias supervenientes, imprevisíveis e alheias à vontade das partes, o contrato tornou-se excessivamente oneroso”, afirmou o desembargador.

O voto, acompanhado pelos demais membros do colegiado, foi no sentido de fixar novo percentual na redução do aluguel, por considerá-lo mais proporcional, e para que os honorários fossem calculados sobre o valor do proveito econômico.

Apelação Cível n.º 0604719-53.2021.8.04.0001

Leia o acórdão:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA.REVISÃO CONTRATUAL. LOCAÇÃO COMERCIAL.LEI DO INQUILINATO. PANDEMIA DE COVID-19.TEORIA DA IMPREVISÃO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO CONFIGURADA. MUDANÇA DA BASE DE CÁLCULO DE HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA.RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.I – Considerando a imprevisibilidade e a extraordinariedade da pandemia e dos efeitos econômicos dela decorrentes, mostra-se perfeitamente aplicável ao caso a teoria da imprevisão, visto que, por circunstâncias supervenientes, imprevisíveis e alheias à vontade das partes, o contrato tornou excessivamente oneroso, sendo viável a revisão dos valores locatícios; II – Em que pese discipline a matéria atinente aos contratos de locação, incabível a aplicação da Lei n. 8.245/91, haja vista a excepcionalidade dascircunstâncias que permeiam o caso sob exame;III – Descabido falar em violação ao art. 68 da Lei n.8.245/91 quanto à redução do aluguel fixada emprimeiro grau, a qual determinou que a partir dejaneiro de 2021, até o fim do contrato (março de2021), o valor do aluguel seria abatido em 50%(cinquenta por cento), sendo tal medidadesproporcional, a redução deve ocorrer somente em30% (trinta por cento);IV Apelação conhecida e provida parcialmente.

Informações: TJAM

 

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