Estudantes de Direito dos EUA batem ChatGPT em simulação de exame final

Estudantes de Direito dos EUA batem ChatGPT em simulação de exame final

Estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de Minnesota se saíram melhor que o ChatGPT em quatro provas escolares, aplicadas por professores de Direito. O ChatGPT teve um desempenho próximo do “medíocre”, mas suficiente para passar em um exame final — embora tivesse, provavelmente, que frequentar aulas de recuperação, de acordo com o relatório da equipe de quatro professores que realizou o teste.

O ChatGPT obteve sua melhor nota, um B, na prova sobre legislação constitucional, que abordou federalismo e separação de poderes. Ficou em 36º lugar em um grupo de 40 estudantes (grupo que incluiu o ChatGPT).

Na prova de direito trabalhista, focada em benefícios a empregados, tirou um “B-minus”. Se posicionou em 18º lugar, em um grupo de 19 estudantes.

Na prova de legislação tributária, sua nota foi um “C-minus”, colocando-se em 66º lugar, em um grupo de 67 estudantes.

Na prova sobre atos ilícitos civis extracontratuais (torts), sua nota também foi um “C-minus”, ficando em 75º lugar em um grupo de 75 estudantes.

O ChatGPT foi particularmente mal na parte de múltiplas escolhas das provas. Nessa parte, ele “bombou”, disse ao site Insider e à agência Reuters o professor Jonathan Choi, que coordenou a aplicação do teste.

Seu pior desempenho foi em questões que envolviam cálculos matemáticos, na prova sobre tributação: foi comparável a de um estudante que resolve “chutar” todas as respostas de uma prova e tem 25% de probabilidade de acertos.

No entanto, se saiu melhor na parte das provas que incluiu questões sobre redação jurídica. Em alguns casos, sua redação foi comparável ou melhor que a de estudantes humanos, dentro do prazo limitado do exame, disse Choi.

“Sua redação jurídica foi tipicamente clara e bem elaborada, mostrando um bom entendimento das regras jurídicas básicas”, ele disse. “Mas quando as respostas foram incorretas, foram dramaticamente incorretas, resultando nas piores notas da classe.”

Segundo o professor, o ChatGPT teve dificuldades para identificar questões relevantes e aplicou apenas superficialmente regras a fatos, o que os estudantes fizeram melhor. Descreveu corretamente casos, mas deixou de fornecer análises mais profundas em questões essenciais.

Em defesa do ChatGPT
Para o professor Jonathan Choi, o ChatGPT merece um “desconto”, porque ainda está em fase de aprendizagem. Afinal, o sistema é habilitado por inteligência artificial, adquirida através da tecnologia de aprendizagem de máquina. Deve melhorar com o tempo.

Além disso, a máquina enfrentou uma competição difícil: os estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de Minnesota estão entre os melhores do país: 97% deles passam na primeira vez que fazem o exame de ordem. O desempenho deles em exames de ordem é o terceiro melhor do país, ficando atrás apenas dos estudantes de Harvard e Yale.  E a maioria deles tem uma carreira jurídica bem-sucedida.

Choi acredita que, apesar de uma certa deficiência de conhecimentos, o ChatGPT pode ser um ótimo colaborador, tanto para estudantes de Direito como para os advogados e outros profissionais da área. Os advogados poderão usá-lo, por exemplo, para produzir a versão preliminar de uma petição, que poderão, em seguida editar — ou comparar com a que elaboraram.

Alguns professores de Direito discordam do uso do ChatGPT pelos estudantes, porque eles podem, por exemplo, botar a máquina para fazer seus trabalhos de casa. Mas dois dos três professores que corrigiram as provas nessa competição com os estudantes, disseram que é relativamente fácil distinguir entre o que o ChatGPT escreveu e o que os escreveram. A redação do ChatGPT é repetitiva e sem qualquer falha gramatical.

Para o professor, melhor que banir a inteligência artificial dos cursos universitários, como alguns distritos escolares já estão fazendo, é fazer algumas adaptações nas faculdades para acrescentá-la ao método de ensino dos alunos.

Isso aconteceu, ele diz, quando surgiram as calculadoras. Inicialmente, algumas escolas se opuseram a seu uso em sala de aula, porque elas poderiam limitar o aprendizado dos estudantes. Mas, no final das contas, passaram a ensinar os estudantes como usar as calculadoras, principalmente as mais sofisticadas.

O professor Josh Blackman, da Faculdade de Direito de Houston, Texas, levanta outro problema: “O texto original produzido pelo ChatGPT não pode ser identificado pelos atuais softwares de detecção de plágio. E os professores devem se conscientizar de que haverá plágios”, ele escreveu em um blog. Com informações do Conjur.

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