A presidente da Comissão de Anistia, Enéa de Stutz e Almeida, pediu desculpas em nome do Estado brasileiro à jornalista Clarice Herzog, vítima de perseguição durante o regime militar.
A comissão aprovou a anistia política de Clarice e uma indenização de R$ 100 mil. O marido de Clarice, Vladimir Herzog, foi torturado e morto em 1975 nas dependências do Departamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), do Exército, em São Paulo. O julgamento do requerimento de anistia ocorreu em conjunto com um seminário que a Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados realizou para lembrar os 60 anos do golpe civil-militar de 1964.
Além de declarar Clarice anistiada política e pedir desculpas em nome do Estado brasileiro pela perseguição estatal que a jornalista e publicitária sofreu por anos, por contestar a versão oficial de que seu marido havia se enforcado em uma sala do Doi-Codi enquanto aguardava para prestar depoimento. A Comissão de Anistia aprovou o pagamento de uma indenização equivalente a 390 salários mínimos (cerca de R$ 550 mil), mas, com o teto legal, a viúva receberá R$ 100 mil.
Clarice travou uma longa batalha pela verdade e justiça, desafiando a versão oficial de suicídio. Seu filho, Ivo Herzog, expressou gratidão pela homenagem à mãe e ressaltou o papel das mulheres na luta pela democracia.
“O Marcelo Rubens Paiva me disse: ‘teu pai, meu pai, eles não foram heróis. Foram vítimas. As verdadeiras heroínas foram as companheiras deles. As mães, irmãs e tantas outras que dedicaram suas vidas, com coragem, à busca pela verdade e justiça’. Agradeço esta homenagem da Comissão de Anistia a Clarice Herzog, uma destas heroínas. Tenho muito orgulho de ser filho dela. E acho que todos devemos nos sentir muito privilegiados em termos tido Clarice e tantas outras heroínas ao nosso redor, lutando pela democracia neste país”.
Com informações da Agência Brasil