Caso Brigadeirão: Defesa aposta em diligências defensivas para isentar de pena a investigada

Caso Brigadeirão: Defesa aposta em diligências defensivas para isentar de pena a investigada

A conclusão do inquérito conduzido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre a morte do empresário Luiz Marcelo Ormond, encontrado morto em seu apartamento no Engenho Novo em 20 de maio, trouxe à tona uma série de questionamentos jurídicos significativos.

Dentre eles, destaca-se a defesa da namorada do empresário, Júlia Andrade Cathermol Pimenta, indiciada pelo crime e representada pelas advogadas Flávia Fróes e Hortência Menezes. A defesa solicitou uma avaliação das condições de saúde mental da investigada, com o intuito de levantar a tese de inimputabilidade penal.

A avaliação será realizada pelo psiquiatra forense Hewdy Lobo e pela psicóloga jurídica Elise Trindade, conforme deferido pela juíza competente. Este pedido de avaliação mental sugere que a defesa pretende argumentar que Júlia, ao tempo do fato, não possuía plena capacidade de entendimento e determinação de acordo com os ditames da lei penal brasileira.

A tese de inimputabilidade está amparada no artigo 26 do Código Penal Brasileiro, que dispõe que é isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Além disso, a defesa sublinha a inconclusividade dos laudos necroscópicos elaborados no inquérito, os quais não indicam de forma clara uma morte violenta, tornando-os insuficientes para uma conclusão definitiva de homicídio.

Tal circunstância pode ser interpretada como um reforço à tese defensiva de que não há provas cabais para sustentar a acusação de homicídio, especialmente considerando que o exame toxicológico identificou a presença de morfina e clonazepam no estômago da vítima, mas sem especificar a quantidade ingerida.

Diante disso, a estratégia, com diligências prévias e desde então não apenas se defendendo, mas também contratacando, é a comprovação da incapacidade mental de Júlia no momento do suposto crime  que pode resultar na sua isenção de pena, uma vez que a imputabilidade penal requer, além da prática do ato típico e ilícito, a capacidade de entendimento e autodeterminação do agente.

Aguardam-se, portanto, os laudos dos especialistas que avaliarão a condição mental da investigada para que a defesa possa se manifestar com maior propriedade sobre os próximos passos processuais. As diligências defensivas têm procedimento previsto no Provimento nº 188/2018 da OAB.

Até então a investigação oficial sustenta que Júlia administrou veneno ao empresário por meio de comprimidos de morfina e outros medicamentos, que foram moídos e incorporados em um brigadeirão. O Instituto Médico Legal (IML) confirmou a presença de morfina no estômago de Ormond.

Leia mais

Juíza anula questão discursiva da PMAM e manda computar nota de candidata no Amazonas

Decisão da juíza Etelvina Lobo Braga, da 3ª Vara da Fazenda Pública de Manaus, reconheceu ilegalidade na cobrança de conteúdo não previsto no edital...

Nova lei do Amazonas já produz efeitos e garante redução de jornada para servidor com dependente especial

Com base na nova redação da norma, fica assegurado a redução de três horas diárias na jornada de trabalho, sem prejuízo da remuneração, para...

Mais Lidas

Justiça do Amazonas garante o direito de mulher permanecer com o nome de casada após divórcio

O desembargador Flávio Humberto Pascarelli, da 3ª Câmara Cível...

Bemol é condenada por venda de mercadoria com vícios ocultos em Manaus

O Juiz George Hamilton Lins Barroso, da 22ª Vara...

Destaques

Últimas

Brasil decreta luto oficial de sete dias pela morte do papa Francisco

O governo brasileiro decretou luto oficial de sete dias em homenagem ao papa Francisco, falecido nesta segunda-feira (21). A...

A falácia da paridade dos aposentados: igualdade aparente, desigualdade combatida pela ANAMPA

Por João de Holanda Farias, Advogado, Egresso do Ministério Público do Amazonas Na última reunião da CONAMP, em 9 de...

Juíza anula questão discursiva da PMAM e manda computar nota de candidata no Amazonas

Decisão da juíza Etelvina Lobo Braga, da 3ª Vara da Fazenda Pública de Manaus, reconheceu ilegalidade na cobrança de...

Nova lei do Amazonas já produz efeitos e garante redução de jornada para servidor com dependente especial

Com base na nova redação da norma, fica assegurado a redução de três horas diárias na jornada de trabalho,...