O Banco Central projeta que a inflação acumulada em 12 meses seguirá acima do teto da meta até junho, configurando um novo descumprimento sob o regime de metas contínuas. Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (4), o colegiado apontou o câmbio depreciado, a alta dos preços dos alimentos e fatores climáticos como principais fontes de pressão inflacionária.
O documento também reforçou a necessidade de disciplina fiscal e alertou para os riscos da expansão do crédito sobre a política monetária.
No cenário externo, a conjuntura segue desafiadora, especialmente devido à política econômica dos Estados Unidos, o que aumenta as incertezas sobre o ritmo da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Federal Reserve (Fed). Os bancos centrais das principais economias continuam empenhados em promover a convergência da inflação para suas metas, em um ambiente ainda marcado por pressões no mercado de trabalho. Diante disso, o Copom avalia que o cenário global exige cautela por parte dos países emergentes.
No contexto doméstico, tanto a inflação cheia quanto as medidas subjacentes permanecem acima da meta e voltaram a apresentar alta nas divulgações mais recentes. Além disso, as expectativas de inflação para 2025 e 2026, apuradas pela pesquisa Focus, aumentaram significativamente, situando-se em 5,5% e 4,2%, respectivamente.
O Copom ressalta que o cenário atual é caracterizado por uma desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções inflacionárias, resiliência da atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Esse ambiente exige uma política monetária mais contracionista.
Diante desse quadro, o Comitê decidiu elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 13,25% ao ano. O Copom considera que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o centro da meta ao longo do horizonte relevante. Além disso, sem prejuízo do objetivo fundamental de assegurar a estabilidade dos preços, a decisão também visa suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego.
O Comitê antevê, caso o cenário projetado se confirme, um novo ajuste de mesma magnitude na próxima reunião. No entanto, destaca que a extensão total do ciclo de aperto monetário dependerá da evolução da inflação, especialmente dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções e expectativas inflacionárias, do hiato do produto e do balanço de riscos.