A suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil, determinada na sexta-feira (30) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), está no centro de um novo debate jurídico.
A polêmica gira em torno da validade da intimação enviada ao empresário Elon Musk, proprietário da plataforma, para que indicasse um representante legal no país. A intimação foi realizada de forma inusitada, através de uma postagem no perfil oficial do STF na própria rede social cujo dono, Musk, é a parte notificada.
A conta institucional do Supremo Tribunal Federal no X enviou a intimação por meio do antigo Twiter, em resposta ao perfil oficial da plataforma para notificar o empresário por “meios eletrônicos” porque Elon Musk encerrou o escritório no Brasil e não têm mais advogados constituídos no País.
A conta pessoal do empresário também foi marcada na publicação e Musk reagiu. Musk ainda ameaçou publicar supostas decisões sigilosas de Moraes. Logo, tomou ciência da intimação.
A utilização de redes sociais para intimações judiciais não possui previsão expressa na legislação brasileira, o que levantou questionamentos sobre a legalidade do ato.
Alguns juristas argumentam que, em princípio, a intimação poderia ser considerada nula por não seguir os procedimentos tradicionais de notificação.
Contudo, a situação se descomplica com o fato de Musk ter tomado ciência da ordem, o que, segundo o princípio da instrumentalidade das formas, pode validar a intimação. Esse princípio jurídico sustenta que nenhum ato processual será anulado se não causar prejuízo às partes envolvidas.
Decisão de Moraes e Consequências para o X
Após a recusa de Musk em cumprir a ordem de Moraes no prazo de 24 horas, o ministro decidiu suspender as operações do X no Brasil. A decisão vale até que todas as ordens judiciais sejam cumpridas, incluindo o pagamento de multas pendentes e a nomeação de um representante legal no país.
Essa medida drástica é vista como uma tentativa de garantir o cumprimento das leis brasileiras e de reafirmar a autoridade do Judiciário sobre empresas estrangeiras que operam no país.
O fechamento do escritório do X no Brasil e o acúmulo de multas relacionadas ao descumprimento de ordens judiciais anteriores foram fatores que agravaram a situação e motivaram a decisão de Moraes.
Sessão Extraordinária do STF em Debate
A decisão de Moraes, embora tenha sido criticada por alguns setores, está alinhada com os esforços do STF em regular as grandes plataformas de mídia social no Brasil.
Contudo, a controvérsia em torno do método de intimação utilizado levou à expectativa de que os ministros do Supremo realizem uma sessão extraordinária para ratificar a decisão monocrática de Moraes. Se ocorreram dúvidas sobre o método de intimação, elas não vieram a público.
Essa sessão poderia servir para reforçar a legitimidade da Corte e para combater a narrativa de que decisões polêmicas estão sendo centralizadas nas mãos de um único ministro. O resultado dessa discussão pode ter implicações significativas para a forma como o Judiciário brasileiro lida com empresas de tecnologia e a liberdade de expressão no ambiente digital.
A suspensão do X no Brasil marca um ponto de inflexão nas relações entre o STF e as grandes plataformas de mídia social, que estão sob crescente pressão para se adequarem às regulamentações locais e às decisões judiciais.