Um coletivo formado por advogados e grupos comunitários do Distrito Federal entrou nesta quarta-feira (11/1) com um pedido de impeachment contra o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e sua vice, atual governadora em exercício, Celina Leão (PP).
A solicitação foi encaminhada à Câmara Legislativa do Distrito Federal. Leva em conta a invasão e depredação do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto em 8 de janeiro por bolsonaristas.
Segundo o documento, Ibaneis e Celina foram omissos, uma vez que estariam sabendo da intenção dos terroristas de invadir as sedes do Judiciário, Legislativo e Executivo, mas não utilizaram adequadamente o aparato da Polícia Militar para conter os vândalos.
“Governador afastado Ibaneis Rocha praticou os fatos aqui descritos por
meio de ação e omissão, causando prejuízo incalculado imaterial para a democracia Brasileira e prejuízos igualmente mensuráveis na destruição das acomodações dos prédios públicos, sem mencionar as diversas peças de arte e acervos históricos, documentos, quadros, peças irrepetíveis, além de documentos sensíveis para segurança das instituições, armamentos, mídias digitais, hds, dvds, dentre outros”, diz um trecho do pedido.
O documento é assinado pelos advogados Dinah Lima e Claudio Eduardo Jaeger Nicotti e por integrantes de grupos comunitários que atuam no Distrito Federal.
Ibaneis Rocha foi afastado pelo ministro Alexandre de Moraes por 90 dias. O Supremo Tribunal Federal formou maioria nesta quarta-feira (11/1) para manter o afastamento.
Atuação frouxa da PM
O Brasil teve no domingo sua própria invasão do Capitólio, com o apoio ou complacência da Polícia Militar do Distrito Federal.
Há poucas vias de acesso à Praça dos Três Poderes, local onde ocorreram os atos terroristas. Com isso, sempre foi relativamente fácil para as forças de segurança controlar a entrada e saída de pessoas na Esplanada dos Ministérios e nas sedes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
No último dia 7 de setembro, por exemplo, era preciso passar por barricadas policiais e revistas para chegar aos atos. Na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), só era possível descer a Esplanada dos Ministérios a pé. As duas vias laterais que dão acesso à Praça dos Três Poderes, a S2 e a N2, estavam fechadas.
No domingo, no entanto, era possível chegar de Uber perto da praça, sem ser parado por ninguém, ou andando, no momento em que STF, Congresso Nacional e Palácio do Planalto já estavam tomados pela turba de bolsonaristas inconformados com o resultado das eleições.
O jornal O Estado de S. Paulo chegou a flagrar policiais deixando uma das poucas barreiras para comprar água de coco em frente à Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida. Agentes também tiraram fotos com os participantes.
Havia policiais, mas eram poucos, e os grupos de bolsonaristas desciam a Esplanada dos Ministérios e as duas vias laterais sem que os agentes impedissem aglomerações maiores na Praça dos Três Poderes, onde ocorreram as depredações.
Em resposta, a Advocacia-Geral da União pediu a prisão do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL). Moraes deferiu a solicitação.
O presidente Lula decretou intervenção na segurança pública do DF por causa dos atos não reprimidos em Brasília. O decreto foi lido por ele em um pronunciamento em que condenou a atuação dos vândalos. Com informações do Conjur