Caso Jeff Machado: Em depoimento, inspetor afirma que investigação provou a premeditação do crime

Caso Jeff Machado: Em depoimento, inspetor afirma que investigação provou a premeditação do crime

A Justiça do Rio começou a ouvir na sexta-feira (27/10) as testemunhas de acusação do processo sobre a morte do ator Jefferson Machado, ocorrida no dia 23 de janeiro deste ano. Na audiência, foram ouvidas o inspetor da Delegacia de Descoberta de Paradeiros Igor Rodrigues Bello, a mãe e o irmão do ator, Maria das Dores Estevam e Diego Machado Costa.

Em razão da quantidade de testemunhas requeridas para prestar depoimento, o juízo da 1ª Vara Criminal da Capital, designou o próximo dia 11 de dezembro, a partir das 13 horas, para continuação da audiência.

O primeiro a depor foi o inspetor da Delegacia de Descoberta de Paradeiros Igor Rodrigues Bello, responsável pelas investigações que resultaram na prisão dos réus Bruno de Souza Rodrigues e Jeander Vinícius da Silva Braga. O inspetor disse ter certeza de que o crime foi premeditado.

Em seu depoimento, que durou cerca de quatro horas, o policial contou todas as etapas da investigação, que começou como um caso de desaparecimento. O ponto de virada foi o depoimento de um taxi dog que foi contratado para levar os oito cachorros de Jeff para um centro de umbanda desativado. Ao depor na polícia, o taxista afirmou que no dia 31 de janeiro, Jeff – que na verdade já estava morto – fez contato com ele através do WhatsApp, mas quem apareceu para acompanhá-lo no transporte dos cães foi Bruno. O taxi dog procurou espontaneamente a polícia, após ver postagens nas redes sociais sobre cachorros da mesma raça que estavam perambulando pela Zona Oeste do Rio. A investigação concluiu que Bruno se passou por Jeff não apenas nessa, mas em diversas ocasiões após o crime.

A premeditação, de acordo com o inspetor, ficou demonstrada por dois fatos: no final de 2022, Bruno começou a visitar revendedores de veículos na Zona Oeste, dizendo que levaria o carro de um amigo para vender. Ele teria voltado após a morte de Jeff, porém não conseguiu vender o carro do ator, do qual ele possuía as chaves, por não ter encontrado os documentos do veículo.

O outro fato foi a compra da casa onde o corpo de Jeff foi encontrado realizada meses antes do crime. Os réus fizeram uma obra nesta casa, levantando um muro, ocasião em que teriam feito também o buraco onde enterraram o baú contendo o corpo.

Durante toda a investigação, Bruno manteve a história, tanto para a família do ator quanto para a polícia, de que Jeff Machado havia conseguido uma chance de trabalho em São Paulo, e por isso deixara sua casa, seu carro para que ele os vendesse e seus cachorros para que ele tomasse conta.

Segunda a prestar depoimento, Maria das Dores, mãe de Jefferson, falou sem a presença dos acusados. Ela contou sobre sua relação próxima com o filho, relatando que se falavam diariamente. Por isso ela começou a desconfiar quando começou a receber mensagens incomuns de Jefferson, quando tentou falar com ele após o dia 23 de janeiro, quando ele foi morto. “Percebi que as mensagens não eram do meu filho, pois ele escrevia muito bem e as expressões postadas nas mensagens eram com termos que meu filho não usava”, disse.

Maria das Dores também falou das transferências de dinheiro que fez a pedido do filho, que explicou que seriam destinadas ao Bruno que o estava ajudando a conseguir encaixa-lo no elenco de uma novela na TV Globo.

Ao final do seu depoimento ela fez um desabafo contra o acusado Breno:

“Eu quero que ele diga a verdade para mim, na minha cara! É o mínimo que ele pode fazer. É contar a verdade. Por que matou o Jefferson? Eu preciso disso para limpar a minha alma. Eu sei que vou escutar isso desse monstro! ”.

Terceiro e último a depor, o irmão de Jefferson, Diego também disse que se comunicava com o irmão diariamente, pelo telefone, mensagens de áudio ou vídeo. Disse que, quando começou a desconfiar as mensagens recebidas não eram do irmão, mandou uma postagem para o celular dele afirmando que se ele não ligasse, entraria em contato com a polícia.

“Imediatamente, após essa mensagem, o Bruno, com quem eu nunca tinha falado, me ligou. Disse que meu irmão tinha viajado para São Paulo e que não tinha dado mais notícias. Daí, já achando estranho, eu combinei com o Bruno de vir ao Rio e combinei de encontra-lo para irmos à casa do meu irmão”, disse.

Diego revelou, também, que, ao chegar na casa do irmão, achou estranho a forma como Bruno se referia ao irmão, sempre utilizando o tempo verbal no passado, como se ele já não estivesse mais vivo.

“Além disso, encontrei a casa toda revirada, senti falta de alguns pertences do meu irmão, como notebook, celular, TV, e me pareceu muito claro que o Jefferson não tinha viajado para São Paulo, como o Bruno informou. As malas, toalha, escova de dentes do meu irmão estavam na casa, demonstrando que alguma coisa tinha acontecido”.

Processo nº 0063851-05.2023.8.19.0001

Com informações do TJ-RJ

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