“A principal ação afirmativa que precisamos fazer no Brasil é dar ensino público de qualidade desde a primeira idade para as crianças”, afirmou o ministro Luís Roberto Barroso, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), em encontro nesta quarta-feira (2) com Frei Davi e cerca de 50 advogados da Educafro. Na pauta do encontro, os direitos da população negra e a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7419, de relatoria do ministro Barroso, em que se questiona a validade da anistia a partidos políticos que não preencheram cotas raciais e de gênero e não destinaram valores mínimos em razão de sexo e raça em eleições anteriores a 2022.
Frei Davi agradeceu a contribuição do ministro em questões de importância para a população negra. “Todos somos agradecidos pelos seus votos corajosos e brilhantes em demandas do povo”, disse. Barroso agradeceu e elogiou a obstinação de Frei Davi em nome do povo brasileiro. “Na causa das ações afirmativas e da ascensão das pessoas negras, ninguém terá empurrado a história como o Frei Davi empurra”.
Na conversa com os advogados, Barroso lembrou que a questão racial no Brasil passou por fases diferentes, até que, nas últimas duas décadas, a sociedade passou a reconhecer que há um racismo estrutural no país que precisa ser enfrentado. A partir dessa constatação é que as políticas de ações afirmativas começaram a ser implementadas e ajudaram progressivamente a mudar a história.
A seu ver, o Judiciário brasileiro tem sido um ator relevante nesse progresso, ao reconhecer a constitucionalidade das políticas de acesso às universidades, da reserva de 20% de vagas para concursos públicos e do financiamento de candidaturas negras. “São mudanças incrementais, mas que vão ajudando a empurrar a história na direção certa”, concluiu.
Com informações do STF