O juiz Mário Soares Caymmi Gomes, que excluiu a contratação de estagiários heterossexuais em edital para Processo Seletivo do Tribunal de Justiça da Bahia, publicado em janeiro deste ano, concedeu ontem (05/06), entrevista ao jornalista Luís Ganem, e lamentou a suspensão do edital pelo Corregedor-Geral do TJ-BA, o desembargador José Rocha Rotondano.
Ocorre que, em 17 de janeiro deste ano, o Tribunal da Bahia publicou edital para a contratação de estagiários no gabinete do magistrado, que atua na 12ª Vara das Relações de Consumo em Salvador, e nele constava uma cláusula para que as vagas fossem restritas às pessoas que se autodeclarassem LGBTQIA+. O edital ainda estabelecia prioridades para pessoas trans e não-binárias, da cor preta. Em seguida, gays e lésbicas.
Durante o papo com o jornalista, o juiz manifestou seu incômodo com a decisão de veto do corregedor, porque, segundo o Caymmi, o desembargador também é gay, mas não é assumido, e que Rotondano já teve um envolvimento com o seu atual marido. Para Caymmi, a iniciativa do edital partiu da falta de oportunidades ao público.
“O que me causou maior incômodo é que essa determinação tenha vindo de um corregedor que é gay, ainda que ele não se assuma. Isso não é fofoca. Tem a ver com o caso. Sei que ele é gay, pois ele teve um caso com meu marido, antes dele me conhecer, ele foi casado com um rapaz que era vereador de Mata de São João”, disse Caymmi.
Para o magistrado, o veto do desembargador ao edital que prioriza o público LGBTQIAPN+, decorre de que as pessoas ainda têm dificuldade de se assumir num emprego conservador.