O Tribunal de Justiça do Paraná retirou da pauta de julgamento o pedido de revisão criminal que poderia anular as condenações dos acusados do assassinato do menino Evandro, morto aos 06 anos de idade no ano de 1992. Na época, o caso relatou o sequestro da criança, morto e esquartejado em um ritual de magia negra, em Guaratuba, no litoral paranaense. Depois de sua morte, a criança foi encontrada, cinco dias após o sequestro, com mutilações, sem vísceras e sem órgãos internos. O caso virou série de televisão, na Rede Globo e ganhou versões em livro. Os réus, então acusados, foram condenados por homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver. Houve julgamento separado dos réus. Anos após a condenação, um pedido de Revisão Criminal foi realizado em 2021. A defesa alega tortura, sumiço de provas e outras nulidades. Se o julgamento, proximamente a ser realizado inocentar os réus, sumirão todas as acusações, inclusive as suspeitas de bruxaria que envolveu o caso.
O menino desapareceu em abril de 1992, após sua mãe permitir que fosse sozinho à Escola, em Guaratuba, no Paraná. Cinco dias após o desaparecimento, a criança foi encontrada morta. As circunstâncias fizeram concluir que a sua morte envolveu um ritual de bruxaria e de magia negra. As acusações envolveram Celina Abagge e a filha Beatriz Abagge. Celina era esposa do prefeito em 1992, Aldo Abagge. Com elas, mais cinco pessoas foram envolvidas em investigação levantada por um investigador de polícia, considerado desafeto político dos Abagge. Os acusados ficaram conhecidos como ‘bruxos de Guaratuba’.
Na época foi acolhida a tese de que a criança teria sido utilizada em um ritual de magia negra para obtenção de benefícios materiais junto a espíritos satânicos. No primeiro julgamento de Celina e Beatriz, em 1998- considerado o mais longo da história brasileira- pois durou 34 dias, as acusadas foram inocentadas. Mas o Ministério Publico recorreu sob o fundamento de que a decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos.
O TJPR anulou o julgamento e determinando a ida dos réus a novo júri, como novo conselho de sentença. Celina Abagge, então com mais de 70 anos teve a prescrição do crime decretada a seu favor. Beatriz Abagge foi condenada pela morte da criança. Dos cinco réus restantes, dois foram absolvidos, Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli dos Santos. Os demais foram também condenados.
Com a Revisão Criminal em curso, o julgamento, embora com trânsito em Julgado, poderia ter obtido novos contornos no dia de ontem. A Defesa alega que os acusados não tiveram acesso ao contraditório, como garantido pela Constituição, além de que provas a favor da inocência dos acusados foram subtraídas sem justificativa dos autos, afora que, na época, ‘houve edição de fitas’, além de que ‘gravações’ originais sumiram, em desfavor dos réus. O TJPR adiou o julgamento para definir se mais de uma Câmara Criminal deverá apreciar a ação, que, se acolhida, poderá proclamar a inocência dos envolvidos anos mais tarde.