O compromisso do presidente eleito em manter o auxílio de R$ 600 aos mais necessitados vai custar caro. A PEC da Transição que visa assegurar esse modelo fora do teto de gastos por quatro anos tem sido motivo de barganhas políticas para a conquista de cargos públicos e verbas antes mesmo da votação da medida. A licença para o novo governo gastar, a partir do ano que vem quase R$ 200 bilhões de reais, acima do teto de gastos- tem levado alta pressão a Luiz Inácio Lula da Silva desde que desembarcou em Brasília.
Líderes do Congresso condicionam a aprovação do texto à ocupação de ministérios e vagas regionais, além da manutenção do orçamento secreto e do apoio à reeleição de Arthur Lira, atual presidente da Câmara. A ideia é manter Lira no cargo de presidente da Câmara, afinal, é ele que faz a distribuição da verba do orçamento secreto.
Lula já foi orientado a fazer o que tanto combateu em sua campanha política, com ataques veementes a Bolsonaro, acusado por Lula de manter um orçamento secreto sem a transparência que o interesse publico reclama. Tudo indica que o presidente eleito irá ceder, e o orçamento secreto permanecerá, nos mesmos moldes, inclusive com a orientação da bancada petista.
O orçamento secreto nada mais é que um esquema de distribuição de emendas que trazem vultosas vantagens financeiras distribuídas sigilosamente a deputados que usam o dinheiro em seus estados de origem sem que precisem de justificativa para essa metodologia, ao pretexto do interesse público, que não se revela, por se manter secreto na sua execução. Lula havia dito, na campanha, que esse modelo seria uma forma de ‘extorquir prefeitos e a população’, mas a carruagem anda no sentido de que esses caminhos fiquem inalterados. Lula acusou o Executivo de rastejar ante o Congresso. Mas a situação parece que irá permanecer a mesma.